A ideia nasce aos poucos
Toma forma e se incorpora.
As grandes transformações
Se dão de dentro pra fora,
Como Giullia Jaques fez
E OCORDEL te conta agora.
Uma jovem carioca
Está chamando a atenção,
Por um projeto que busca
Levar para a detenção
O item básico das presas
Que vivem a menstruação.
Em Belford Roxo, no Rio,
A jovem Giullia nasceu,
E aos seus 18 anos
Questionou-se e percebeu
Que havia pobreza no mundo
Maior que a que já viveu.
Pensando em como seria
Acordar e não poder
Simplesmente ir ao banheiro
E nem a higiene ter,
Foi aí que Giullia viu
O seu projeto nascer.
Desde seus 14 anos
Começou a trabalhar,
Ajudando a mãe fazer
Brigadeiros pra pagar
As contas da casa, mas
Não deixou de estudar.
É do Dom Pedro II
Sua educação formal.
Nesse colégio ela teve
O contato inicial
Sobre as causas que envolvem
A justiça social.
Giullia tornou-se ativista
E depois empreendeu,
Assistiu a uma palestra
Que ONG X-Runner deu.
Na capital peruana
Essa palestra ocorreu.
Para ir para o Peru,
Giullia pegou um avião,
E de uma vaquinha online
Teve a colaboração.
Voltou de lá remoendo
Uma básica questão:
O que era essencial
Que muita gente não tinha?
A partir daí passou
A fazer uma listinha.
Das coisas que ela contava,
Pôs o amor da mãezinha.
Pôs internet, remédios
Para cólica menstrual,
Escreveu “absorventes”,
Não foi nada intencional,
Mas a palavra piscava
Que nem luzes do natal.
Vieram outras perguntas:
Quem no Brasil não teria
Acesso a absorventes?
Como essa gente vivia?
Perguntas que a situação
Das detentas respondia.
Para além da liberdade,
As detentas são privadas
Da higiene pessoal
E ainda mais menstruadas.
Como em “Presos que menstruam”
Suas vidas são relatadas.
Livros e documentários
Que falam sobre a questão
Relatam de “absorventes”
Que são miolo de pão.
Toda essa realidade
Levou Giullia a uma ação.
O projeto "Absorvidas",
Nascido o ano passado,
Tem buscado parcerias
E visa por resultado
Levar bioabsorventes
Às presas do seu estado.
A Herself, que produz
Produtos do dia a dia
Da higiene da mulher,
Com boa tecnologia,
No Rio Grande do Sul,
Faz parte da parceria.
Eis que o bioabsorvente
Tem, na sua fabricação,
Trato bactericida
E não usa plástico não.
Não faz lixo, tem bom custo
E dois anos de duração.
Pra que o bioabsorvente,
Que na Herself é produzido,
Chegue à penitenciária,
Uma campanha tem pedido
Ajuda pra custear
Todo custo despendido.
Duas mil presidiárias,
Inicialmente atendidas,
Com os bioabsorventes
Que poderão mudar vidas,
As que na sociedade
Querem ser reintroduzidas.
Já que para um longo prazo
O Absorvidas acena,
A um produto produzido
Por quem está cumprindo a pena,
Lá na Talavera Bruce
Renda e sonhos entram em cena.
Produziriam também
Para outras unidades.
Seriam bioabsorventes
E biodignidades,
Já que pretende ofertar
Uma série de atividades.
Além de levar o produto,
Que já é essencial,
Palestras e oficinas,
De cunho educacional,
Levariam conhecimento
Sobre o ciclo menstrual.
O sonho de Giullia é alto
Mas sabe ser realista,
Quando ela pensa o cenário
Político que tem em vista,
Que pra pensar segurança
É misógino e machista.
Guilia mais três voluntárias
Desenvolveram as ações,
Pra pôr o projeto em pé
Precisam de doações.
O site Benfeitoria
Faz as arrecadações.
Abaixo, OCORDEL dispõe
O link da plataforma*,
Doe quanto você puder
Que o bem em bem se transforma.
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Que ajuda de qualquer forma.
Romildo Alves O Garotinho do Cordel
*Doe: https://benfeitoria.com/absorvidas
Fonte: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/08/21/aos-18-anos-ela-criou-projeto-para-levar-bioabsorventes-a-detentas.htm
Foto: Giullia Jaques, criadora do projeto Absorvidas - arquivo pessoal