Uma reforma tributária
E um ataque à cultura,
Duas coisas numa só
O Paulo Guedes mistura.
Taxando em 12%
O livro que hoje é isento
Porque a lei assegura.

A lei dez mil, oitocentos
E sessenta e cinco trata,
No artigo 150,
De uma medida sensata.
Quando isenta o mercado
De livro de ser taxado
De imposto que é coisa ingrata.

Mas agora o Paulo Guedes,
Ministro da Economia,
Vem dizer que essa isenção
Aos ricos beneficia.
Pois estes podem pagar
Mais impostos e ajudar
O Brasil pós pandemia.

A proposta do ministro
Parece fazer sentido.
Só não disse que quem paga
Quer o imposto devolvido.
Colocando tal valor
Nas mãos do consumidor
Que é duplamente punido.

Dizer que pode aumentar
Bolsa Família com isso,
Fazer doação de livros
É apelo, não compromisso.
Encarecendo o produto,
Ao governo o saldo é bruto:
Grana e povo submisso.

Pintada de ajuda aos pobres,
Sua proposta carrega
O veneno da serpente
Que se por acaso pega
No olho de um inocente,
Num segundo, de repente,
Deixa a criatura cega.

Por isso que sua proposta
Já enfrenta resistência.
No Senado, Flávio Arns
Do Rede, pede clemência,
Por um mercado que enfrenta
A internet e se aguenta
Para não abrir falência.

Fabiano Contarato,
Também do Rede, enfatiza
Que a isenção tributária
Do livro, democratiza
O saber, e assegura
Educação e cultura
Que o governo demoniza.

Jean Paul Prates, do PT,
Da Frente Parlamentar
Mista em Defesa do Livro
Diz que vai prejudicar
O setorial editorial
E os leitores em geral
Só o governo vai ganhar.

Quatro vírgula nove meia
É a taxa de livros lidos
Por alguém anualmente
No Brasil, e se incluídos
12% de impostos,
Por Paulo Guedes propostos,
Mais estaremos perdidos.

Os direitos autorais,
Pagos para um escritor
Por um livro que publica,
10% do valor,
Paul Prates não se conforma,
Nem considera uma reforma
O projeto taxador.

5,9 é o preço
Que bancos e financeiras,
E os planos de saúde
Pagam em terras brasileiras.
Mas livros, 12 %,
Sob qualquer argumento
Parecem más brincadeiras.

— Paulo Guedes, pressionado
A apresentar proposta,
Ajuntou uma meia dúzia
De projetos, como gosta,
E transformou em um monstro
Absurdos que eu demonstro,
Lamentável sua aposta.

"Não há uma educação,
Escreveu Jader Barbalho,
Sem livros, e sem leitura,
O conhecimento é falho".
Se acaso for aprovada,
A proposta apresentada
Ferra a cultura e o trabalho.

A tributação do livro
Também tem reprovação
De escritores que acham
Que o fim da isenção
Pode tornar seu acesso
Cada vez mais sem sucesso
E pedem sua barração.

Caro leitor, não há taxa
Para ler essa matéria
Que OCORDEL leva à você
Talvez, em tom de pilhéria.
Mas com um cuidado imenso
Afinal o tema é tenso
Pois leitura é coisa séria.

Romildo Alves O Garotinho do Cordel

Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/11/reforma-tributaria-pode-fazer-livro-ficar-mais-caro?utm_medium=share-button&utm_source=whatsapp