Quase todo mundo teve,
Ou ainda tem no lar,
Um prato da Duralex,
E chega a se orgulhar,
Pensando que esta marca
Tem marca de não quebrar.
Sendo vidro neste mundo,
Um dia é chegada a hora
Que alguém, por algum descuido,
Ou porque quer jogar fora,
Mesmo sendo Duralex
De algum modo vai e tora.
Se os pratos são inquebráveis,
A empresa está quebrando.
O Tribunal de Comércio
Vai ficar lhe observando,
Num período de seis meses,
Como as coisas vão
andando.
A empresa que pediu
Uma recuperação
Judicial, no sentido
De encontrar a salvação,
No fim do prazo declara
Se abre falência ou não.
O pedido de socorro,
Lá em Orléans, na França,
Não afeta a operação
Da marca em “nossa balança”.
Onde a Nadir Figueiredo
Prossegue com segurança.
São 75 anos
Na França, em atividade,
Antoine Ioannidès, que
Preside aquela unidade,
Relatou para o Le Monde
Que está em calamidade.
Houve 60%
De perdas com exportação,
Por conta da pandemia
E agravou a situação
De quem exportava 80
Por cento da
produção.
Ao fim da Segunda Guerra,
Que o mundo vivenciou,
Pelo grupo Saint-Gobain,
O mesmo que inventou
Um tempero para o vidro
Que à marca consagrou.
A Duralex nasceu,
E em anos iniciais,
Foi uma alternativa em face
Das louças tradicionais.
Mas alcançou o seu auge
Em duas décadas ou mais.
No ano 97, (1997)
A empresa foi vendida
A um grupo italiano,
Já sem a glória obtida,
Sendo até 2005,
Por este grupo regida.
Depois, o empresário turco
Sinan Solmaz assumiu,
E já em 2007
Uma das fábricas faliu.
De lá pra cá foi o grupo
Atual que a dirigiu.
Dos mais de 1 mil funcionários
Que chegou a ter um dia,
Com 260,
A empresa operaria,
E então durante dez anos
Pensou que reergueria.
Até estabilizou
As suas operações,
Planejava um novo forno
E ampliar instalações,
Mas nada se confirmou
Vindo as complicações.
Com problemas financeiros
Não teve outra saída,
Senão pedir na justiça
Um socorro, uma sobrevida,
Podendo ser que ao final
Declare-se por falida.
Em nota, a empresa afirma
Que a marca tradicional
Não sofrerá no Brasil
Impacto comercial,
E em países como o nosso
Tudo seguirá normal.
OCORDEL, pegando um prato,
Lhe serviu a informação
Que aqui não quebra e de quebra
Tem mais sabor e atração,
Já que é em versos e rimas,
Na linguagem do povão.
Romildo Alves O Garotinho do
Cordel
Foto: Alain Jocard/AFP/Arquivo