Quando a brincadeira fere
A nossa integridade,
O status de brincadeira
Já perdeu a validade,
Porque o respeito rege
Os passos da liberdade.
A notícia que trazemos
É importante demais.
Em um Brasil onde sangram
As injúrias raciais,
A justiça aconteceu,
Mesmo em termos penais.
A advogada Maíra
Caroline de Faria,
Em 2017,
De sua chefe recebia.
O chamado de “macaca”
Que muito lhe ofendia.
A injúria ocorreu durante
A confraternização
De fim de ano, da empresa
Onde, na ocasião,
Maíra era estagiária
E sofreu a humilhação.
Durante o amigo secreto,
A bacharel em direito
Foi “macaca do escritório,”
Pela voz do preconceito.
Então buscou a justiça
Para poder dar um jeito.
A autora da agressão
Agora foi condenada
A pagar seis mil reais,
E a vítima indenizada
Provou como é importante
Jamais aceitar calada.
O crime em Belo Horizonte,
Por três anos se arrastou,
E a ex-estagiária
Da luta não arredou.
E em agosto deste ano
O processo terminou.
Hoje, aos 24 anos,
E atuante no direito,
Maíra vê no processo
A importância do efeito,
Que pessoas bem instruídas
Manifestam o preconceito.
Na defesa do processo,
A chefe disse o motivo:
Que o fato aconteceu
Em um ambiente festivo
Referindo à macaquice
Que a diversão é alusivo.
Por a estagiária ser
Alegre e muito engraçada
Não via nisso uma ofensa
Pela expressão usada
Chamou de falsa
ocorrência
A situação criada.
Disse ainda que diante
Daquela acusação,
Também levou à Justiça
Uma representação
Contra Maíra querendo
Fazer sua anulação.
Para Fernanda Garcia,
Que é da Vara do trabalho,
Mesmo em contexto de festa
E talvez, num ato falho,
Na frente de todo mundo
O racismo fez atalho.
A juíza ainda disse
Que uma testemunha ouvida
Confirmou que foi “macaca”
A expressão proferida
Que sem parecer ofensa
Deixou Maíra ofendida.
Ao diferir a sentença
A Juíza fez lembrar
A sociedade plural
Em que se vive a lutar.
E o histórico do racismo
Isso precisa mudar.
OCORDEL trouxe a notícia
Ao nosso público leitor.
“Macaca é uma Sulipa!”
Mais respeito, por favor!
Não ao crime de racismo,
E ao preconceito que for!
Romildo Alves o Garotinho do
Cordel